O primeiro Jogos Vorazes é um bom filme, principalmente se compararmos com outras franquias adolescentes que chegaram aos cinemas nos últimos tempos, mas é seguro dizer que não se trata de uma produção empolgante. Ao final, deixava uma sensação de curiosidade com o que estava por vir, mas o espectador não ficava realmente interessado com o futuro.
Pois bem, a situação mudou. Ao final de Jogos Vorazes - Em Chamas, o público não está apenas curioso, mas afoito para ver o que está por vir. Se tivéssemos escolha, a opção seria emendar as quase duas horas e meia do novo longa com o distante Jogos Vorazes - A Esperança: Parte 1 numa sessão única.
Após sobreviver à última edição dos jogos e de quebra salvar o amigo Peeta (Josh Hutcherson), Katniss (Jennifer Lawrence) se torna um símbolo da revolução dos distritos contra a Capital. Sem querer problemas, o presidente Snow (Donald Sutherland) decide usar o falso romance entre Peeta e Katniss para distrair a população e, ao mesmo tempo, abalar a imagem da jovem. Sem conseguir controla-la, o déspota decide realizar uma nova edição dos jogos com vários antigos ganhadores. Assim, o "casal" se vê de volta à arena, agora tendo que enfrentar verdadeiros assassinos.
Em Chamas se beneficiou muitíssimo da troca de roteiristas com relação ao primeiro filme. A contratação de Michael Arndt (Toy Story 3 e Pequena Miss Sunshine) e Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?) foi fundamental para transformar uma aventura em algo mais. O segundo longa é muito mais do que "X pessoas em uma arena tentando se matar". Enquanto o original era basicamente uma versão americana do japonês Battle Royale - sem tudo o que faz deste último um grande filme -, o novo investe pesado na história política e na construção de um clima para a iminente revolução.
É claro que o mérito da história também é da autora Suzanne Collins, mas sem bons condutores muitos livros se perderam nessa viagem até a tela grande. O diretor Francis Lawrence, que assumiu após o abandono de Gary Ross, se mostrou uma escolha acertada. Ele já havia se saído razoavelmente em Constantine e Eu Sou a Lenda, mas aqui realiza seu melhor trabalho como cineasta. Lawrence cria bem o clima de tensão e mesmo fora da arena deixa sempre um mistério no ar diante do que vai ocorrer. O diretor ainda se sai bem ao unir cenas de ação, que não escondem a violência do ambiente, com outras de certa contemplação. São diversos os momentos em que paramos para observar a beleza do local, seja na floresta ao lado do distrito em que todos lutam para sobreviver, seja nos jogos em que o objetivo é matar a pessoa ao seu lado.
Após trabalhos interessantes em Menina Má.com e 30 Dias de Noite, o diretor de fotografia Jo Willems é outro que realiza aqui seu melhor trabalho. Mais uma vez vemos os distritos como ambientes cinzentos, enquanto que a Capital é o lugar das cores e dos fogos de artifício. No entanto, através da fotografia, o filme dá dicas de que a situações está para mudar, como destacar o pôr do sol no distrito ou trazer os protagonistas sempre em tons sóbrios quando em meio às festas da Capital. Neste sentido, também é interessante notar a importância do fogo, que ao mesmo tempo que ascende as esperanças de uns, queima a situação privilegiada de outros.
The Hunger Games - Catching Fire (original) é sim voltado para o público jovem, mas tem o mérito de não tratar este público como idiota. Não é uma mera aventura adolescente com um triângulo amoroso e situações de "perigo". O longa oferece uma crítica social bem interessante, promovendo uma boa reflexão sobre a sociedade em que vivemos hoje em dia. A obra expõe de uma vez só as mazelas do culto à personalidade, onde um relacionamento pode ser usado para apaziguar uma situação de opressão, e também a superficialidade e fragilidade dos reality shows.
Ainda que realizada pelo mesmo James Newton Howard, a trilha sonora desta continuação é bem mais interessante que a anterior. Aqui, a trilha cumpre sua função de dar ritmo ao filme e conduzir algumas situações, mas sem querer roubar a cena. Quem assistir aos créditos finais ainda poderá conferir a bela canção "Atlas", da banda Coldplay.
Bem superior ao original, o filme, como já dito, deixa a sensação de "quero mais", algo muito importante em capítulos do meio em grandes franquias. Jogos Vorazes 2 também é bem sucedido na apresentação de novos personagens. Além das voltas de Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Woody Harrelson, Stanley Tucci e Lenny Kravitz, temos novidades como Sam Claflin, Jena Malone e Jeffrey Wright. A introdução dos antigos vencedores dos jogos é feita de forma elegante, unindo o treinamento de Katniss e Peeta com a cobertura televisiva da competição. Assim, o longa evita parecer muito didática e ainda cria situações divertidinhas como as envolvendo Johanna (Malone) e Finnick (Claflin).
O filme tem tudo para agradar aos fãs dos livros de Collins, mas o melhor é que isso não é pré-requisito (e nem deveria ser) para se aproveitar. Quem não leu uma linha sequer também terá muito com o que se entreter. E talvez fique até com vontade de procurar a obra literária, afinal estamos diante de uma história complexa e criativa.
Vencedora do Oscar, símbolo sexual e tudo mais, Jennifer Lawrance se consolida como um dos maiores nomes de Hollywood da atualidade. Isso com apenas 23 anos. A atriz entrega uma personagem nada ordinária, que sofre com dilemas sérios, como tentar proteger sua família, dizendo com todas as letras que não tem tempo para o amor. Katniss não é a típica mulher indefesa que o cinema hollywoodiano gosta de produzir e sua preocupação com Peeta, Gale e até com pessoas que acabou de conhecer mostra que ela é a figura central da história, não pelo fato de estar presente em mais linhas do roteiro, mas pelas atitudes que toma. Neste sentido,Jogos Vorazes pode ser considerada uma franquia feminista. Para a mulher, não basta o amor do mocinho.
Ainda que tenha alguns momentos óbvios e ainda sofra para convencer o espectador de que a vida da protagonista está mesmo em perigo, Em Chamas cumpre bem seus objetivos e ainda deixa várias portas para serem exploradas. O mais interessante é que, por mais que a história seja dividida em vários "núcleos", o público não perde interesse em nenhum deles. O fato do romance ser deixado um pouco de lado, por exemplo, só aumenta a incerteza (e a curiosidade) sobre o que irá acontece. E o mesmo vale para a revolução e para a vida de vários importantes personagens. Além disso, oferece momentos de verdadeira emoção, como quando Katniss e Peeta honram a morte de tributos dos jogos anteriores. Agora, é esperar até novembro de 2014 para conferir o próximo.
Após sobreviver à última edição dos jogos e de quebra salvar o amigo Peeta (Josh Hutcherson), Katniss (Jennifer Lawrence) se torna um símbolo da revolução dos distritos contra a Capital. Sem querer problemas, o presidente Snow (Donald Sutherland) decide usar o falso romance entre Peeta e Katniss para distrair a população e, ao mesmo tempo, abalar a imagem da jovem. Sem conseguir controla-la, o déspota decide realizar uma nova edição dos jogos com vários antigos ganhadores. Assim, o "casal" se vê de volta à arena, agora tendo que enfrentar verdadeiros assassinos.
Em Chamas se beneficiou muitíssimo da troca de roteiristas com relação ao primeiro filme. A contratação de Michael Arndt (Toy Story 3 e Pequena Miss Sunshine) e Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?) foi fundamental para transformar uma aventura em algo mais. O segundo longa é muito mais do que "X pessoas em uma arena tentando se matar". Enquanto o original era basicamente uma versão americana do japonês Battle Royale - sem tudo o que faz deste último um grande filme -, o novo investe pesado na história política e na construção de um clima para a iminente revolução.
Após trabalhos interessantes em Menina Má.com e 30 Dias de Noite, o diretor de fotografia Jo Willems é outro que realiza aqui seu melhor trabalho. Mais uma vez vemos os distritos como ambientes cinzentos, enquanto que a Capital é o lugar das cores e dos fogos de artifício. No entanto, através da fotografia, o filme dá dicas de que a situações está para mudar, como destacar o pôr do sol no distrito ou trazer os protagonistas sempre em tons sóbrios quando em meio às festas da Capital. Neste sentido, também é interessante notar a importância do fogo, que ao mesmo tempo que ascende as esperanças de uns, queima a situação privilegiada de outros.
Ainda que realizada pelo mesmo James Newton Howard, a trilha sonora desta continuação é bem mais interessante que a anterior. Aqui, a trilha cumpre sua função de dar ritmo ao filme e conduzir algumas situações, mas sem querer roubar a cena. Quem assistir aos créditos finais ainda poderá conferir a bela canção "Atlas", da banda Coldplay.
Bem superior ao original, o filme, como já dito, deixa a sensação de "quero mais", algo muito importante em capítulos do meio em grandes franquias. Jogos Vorazes 2 também é bem sucedido na apresentação de novos personagens. Além das voltas de Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Woody Harrelson, Stanley Tucci e Lenny Kravitz, temos novidades como Sam Claflin, Jena Malone e Jeffrey Wright. A introdução dos antigos vencedores dos jogos é feita de forma elegante, unindo o treinamento de Katniss e Peeta com a cobertura televisiva da competição. Assim, o longa evita parecer muito didática e ainda cria situações divertidinhas como as envolvendo Johanna (Malone) e Finnick (Claflin).
O filme tem tudo para agradar aos fãs dos livros de Collins, mas o melhor é que isso não é pré-requisito (e nem deveria ser) para se aproveitar. Quem não leu uma linha sequer também terá muito com o que se entreter. E talvez fique até com vontade de procurar a obra literária, afinal estamos diante de uma história complexa e criativa.
Ainda que tenha alguns momentos óbvios e ainda sofra para convencer o espectador de que a vida da protagonista está mesmo em perigo, Em Chamas cumpre bem seus objetivos e ainda deixa várias portas para serem exploradas. O mais interessante é que, por mais que a história seja dividida em vários "núcleos", o público não perde interesse em nenhum deles. O fato do romance ser deixado um pouco de lado, por exemplo, só aumenta a incerteza (e a curiosidade) sobre o que irá acontece. E o mesmo vale para a revolução e para a vida de vários importantes personagens. Além disso, oferece momentos de verdadeira emoção, como quando Katniss e Peeta honram a morte de tributos dos jogos anteriores. Agora, é esperar até novembro de 2014 para conferir o próximo.